Resumo Crise do segundo reinado e as bases para a primeira república
Por: Jessica Machado Martins
No
final do século XIX, a crise da monarquia no Reinado de D. Pedro II
(1825-1891), segundo imperador do Brasil, era notória. O descontentamento da população
brasileira era óbvio, sobretudo dos militares, civis republicanos, elites agrárias
e abolicionistas. Eles exigiam mudança de governo, ao mesmo tempo em que
buscavam melhores condições, participação política, liberdade de direitos, entre outras reivindicações.
Diversos
foram os fatores e ações do governo monárquico que já vinham alimentando o sentimento de insatisfação da população, dentre os quais podemos destacar: a crise econômica
ocasionada pelas altas despesas com a Guerra do Paraguai (1864-1870), o aumento dos impostos e taxas, a
corrupção na corte, a censura e o caráter centralizador da monarquia.
Além
dos fatores anteriormente mencionados, havia desgaste da relação entre Estado-Igreja
em função do enfrentamento entre a Igreja Católica e a Maçonaria que resultou no
aumento do desgaste da figura de Pedro II e na perda de apoio religioso ao monarca.
Nesse contexto de instabilidade política e forte campanha republicana, que defendia
a tese que a monarquia representava atraso, favoreceu disseminação de inúmeras
revoltas pelo país as quais iam de encontro das ideias monárquicas vigentes.
Dentre
essas revoltas podemos citar a Guerra dos Farrapos (1835-1845) que ocorrera no sul do país, foi
desencadeada pelos fazendeiros que estavam insatisfeitos com o aumento dos
impostos territoriais e das taxas sobre as exportações dos produtos. A
pressão dos cafeicultores do oeste paulista aumentou a instabilidade política
no período. Em função da abolição da escravidão em 1888, eles se voltam contra
D. Pedro II, alegando que o fim da escravidão acarretou a redução das produções
gerando fortes crises na economia rural.
No
dia 15 de novembro de 1889, Marechal Deodoro da Fonseca, principal chefe do
exército brasileiro, com o apoio dos republicanos e militares (dos quais se
destaca Benjamin Constant) preparam um levante militar que tinha como objetivo por fim ao governo de Pedro II. Reuniram-se
no Campo de Santana, no centro do Rio de Janeiro (que na época era a capital do
Império) dispostos a derrubar Pedro II e por fim no regime monárquico, obtendo
sucesso no golpe de Estado.
Deodoro
assina o documento que legitimaria o início da República no Brasil, encaminhado
para a Corte, que exigia, entre outras reivindicações a abdicação de D.
Pedro II e da saída do
Imperador e da Família Real do país. Com
isso, a Proclamação da República representou a queda do
Brasil Império (que durou cerca de 70 anos) e imposição de uma
nova forma de governo presidencialista. O levante militar pôs fim ao reinado de D. Pedro II, que retorna com sua família para Portugal três dias após a proclamação.
A Constituição de 1891 foi
a primeira Constituição da era republicana e teve como característica a
instituição do regime republicano presidencialista e a separação entre o Estado
e a Igreja. O Brasil passava por um momento de transição do regime monárquico
para o republicano, porém essa transição só estaria completa com a substituição da Carta Magna que
regia o país desde 1824 por uma nova Constituição que ajustasse à nova
realidade política do país.
A nova
Constituição se inspirou, dentre outras, na Carta Magna dos Estados Unidos,
tendo como eixo a federalização dos Estados e a descentralização do poder.
Inclusive inicialmente o nome do novo país recebeu influência americana, pois foi denominado
"Estados Unidos do Brasil".
Em 24 de
fevereiro de 1891 foi aprovada e promulgada a nova Constituição do Brasil. Esta
seria alterada em 1926 e revogada quatro anos mais tarde por causa da Revolução
de 1930.
Características
· A
criação de três poderes Executivo, Legislativo e Judiciário ficando extinto o
Poder Moderador;
· A
separação entre o Estado e a Igreja Católica. O Estado seria o responsável pela
emissão de certidões e certificados e o clero católico deixaria de receber
subvenção do Estado;
· A
liberdade de culto para todas as religiões;
· A
garantia do ensino primário obrigatório, laico e gratuito;
· A
proibição do uso de brasões ou títulos nobiliárquicos;
· A
instituição do voto universal para cidadãos alfabetizados;
· A
criação do Poder Legislativo bicameral. Os deputados tinham um mandado de três
anos e os senadores nove anos. Isto pôs fim ao Senado vitalício;
· O
surgimento do Poder Legislativo provincial. Assim, as províncias poderiam criar
suas próprias leis e impostos, tendo mais autonomia em relação ao poder
central.
.
Além das
cláusulas que acabavam com a monarquia, o país agora seria configurado de outra
maneira. Haveria mais autonomia provincial e foi criado o Estado Laico.
A religião católica deixou de ser a oficial do país e todas as confissões
religiosas poderiam realizar cultos públicos. É importante assinalar que
algumas propriedades da Igreja foram confiscadas nesse momento.
Igualmente,
a mudança do voto não trouxe grandes transformações. O voto era aberto e o
cidadão tinha que assinar uma lista que podia ser facilmente controlada. Com o
novo critério – saber ler e escrever – o número de eleitores caiu, ao invés de
aumentar.
Esta
Carta Magna foi concebida para atender as demandas da elite paulista que apoiou
a proclamação da República. Estes haviam defendido maior descentralização do
Estado e com este documento, o conseguiram.
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